quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Tic Tac!

25 anos...
Primeiro pensamento: “Porra falta 5 pra 30!”.
Mas por que este é o primeiro pensamento? O que significa 30? O que representa 30?
Bom, talvez que obrigatoriamente com essa idade algo significativo deva ter acontecido na minha vida. Será que precisa?
Significa também que não sou mais uma adolescente, não posso mais enxergar o mundo com olhos de criança, a realidade nos cerca o tempo inteiro. Significa que a sua juventude está ficando para trás e com ela uma provável saúde e até mesmo uma provável beleza.
Uma pessoa com mais de 30 anos que leia isso pode até se sentir ultrajada, afinal quando eu pergunto a idade de alguém e este alguém me responde: “36”, eu penso: “Que novo!”. Por que para mim, ao pensar na pessoa da Keyth, 25 que falta 5 pra 30, parece tanto?
Drummond descreveu o medo como o sentimento do mundo de 1945. Hoje acreditamos viver livremente, conectados, “in’s”. Tudo acontece ao seu redor, pessoas casam, ganham filhos, constroem a vida, conseguem bons empregos, se formam, trabalham, namoram, viajam, não fazem nada, morrem, guerreiam, fazem revoluções... E você o que faz? Trabalha e estuda, NADA parece ser o que acontece na sua vida. Às vezes penso que o sentimento do mundo de hoje é o de impotência. Essa impotência agregada à completa insatisfação humana acarreta os males do nosso século.
Eu não tenho 25 anos na minha alma!! Eu tenho 50 quando preciso ser experiente e madura para lidar com a realidade e arcar com conseqüências, tenho 12 anos quando me apaixono. Tenho 18 quando descubro algo novo que me faz sentir livre. Tenho 5 anos quando choro querendo colo de mãe, tenho 25 anos ao viver e tenho 1 ano ao perceber enquanto vivo que eu não sei nada absolutamente e que dificilmente saberei.
Eu não gosto de tipos, eu sempre digo isso. Eu não gosto porque não sou um tipo. A cada momento eu sou uma coisa nova e eu gosto dessa dinâmica, gosto de ser a Keyth que acredita e defende piamente aquilo que acredita e gosto de ser a Keyth que muda de idéia e que depois defende tudo ao contrário. Eu gosto de não ser nada.
Mas com 25, faltando 5 pra 30, parece que preciso ser mais, parece que preciso me encaixar, parece que preciso construir, parece que preciso definir e eu não quero fazer isso!!! Eu quero paz.
Os índios não contavam o tempo, a natureza lhes dizia as horas, sua numeração ia até 4, sua idade era contada juntando castanhas... Ah meu pai! Quem me dera! O tempo quantifica, prende, qualifica o que não é e nunca vai ser qualificável: sua vida, seu espaço, seus sonhos, seus projetos e metas. Eu não gosto do tempo, não gosto das horas.
Eu gosto de mim, sou grata por cada coisa que vivi nesses 25 anos, mesmo as coisas mais terríveis formaram a pessoa que sou hoje. Todas as coisas, pessoas que passaram pela minha vida, mesmo aquelas que hoje não fazem parte cotidianamente são parte do que sou hoje, todas, sem exceção. Eu gosto das pessoas, gosto de sonhar, gosto de sonhar como aquela garota de 12 anos, e eu tenho 12 anos todos os dias, mesmo tendo que fingir que sou a Keyth de 50 anos. Continuarei sendo, mesmo com 50 anos. Porque parece que uma pessoa de 50 anos necessariamente precisa ser madura e sábia, mas ninguém tem que ser nada, você tem que ser você.
“ Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além”. Leminsk
Acredito nisto! Acredite nisto! E não crie um além, o além pode ser apenas o seu pensamento, aquilo que você é e que é inalterável, puro e inalcançável, pois só você, sendo você, vivendo o que viveu poderia pensar; e isto acredite, é tremendo!
E eu sou a Keyth com 25 anos, faltando 5 pra 30, com coração e medos de 12 , descobrindo o mundo como a de 1 ano e vivendo os 25 anos.
Espero da vida que eu possa ser para aqueles que amo alguém que motive, que apóie e que faça a diferença apenas por ser eu mesma, mais nada. O que vier a mais será sempre lucro, tudo que veio a mais tem sido lucro, e eu sei que estou cheia de déficits. Espero apenas sabedoria para reavê-los.
Obrigada vida por mais um ano!

Keyth