terça-feira, 10 de agosto de 2010

Tudo o que decido ser.



Como todas as pessoas, acredito eu, busco constantemente entender a minha pessoa, a minha essência. O ser humano é um ser egocêntrico e intimista, e hoje penso que isso é inevitável, porque aquele com quem ele dialoga 24 horas por dia, inclusive em sonhos é com ele mesmo. Torna-se então inevitável a busca pelo auto-conhecimento.
Constantemente a visão sobre mim mesma muda, pois ela como qualquer visão, opinião, idéia ou conceito que uma pessoa possa ter, está totalmente baseada nas situações da vida, nas experiências; e estas mudam constantemente.
Eu tenho 23 anos, e não tenho nenhum problema em admitir que com certeza a idéia que tenho sobre mim hoje vai mudar, assim como não tenho nenhum problema em olhar para trás e ver como já mudei; algumas boas mudanças, inúmeras ruins.
Após uma aula sobre Machado de Assis, e sobre a forma como ele escreve sem solucionar nada, apenas apresentando e esfregando na cara a realidade, foi inevitável pensar que eu sou a realidade. A realidade que pode ser determinista quando está mais propensa a isso, que pode ser circunstancial quando for conveniente, que pode ser apática, que pode ser parcial... Comecei a entrar em uma confusão de pensamentos e só consegui ficar um pouco mais tranqüila quando os sintetizei nas palavras abaixo; as quais eu nem sei por que compartilho. Primeiro porque isso não diz respeito a ninguém, segundo que ninguém é obrigado a se interessar por isso, mas como concluí que não sou absolutamente nada no sentido literal de absoluto, não sou nenhum conceito definitivo, concluí que também não tem por que não compartilhar. Eu apenas escrevi, não sou poeta, não sou escritora, não sou nada. Não quis fazer um poema, não quis fazer nada, quis apenas organizar as idéias de forma sintética, e elas me pareceram claras organizadas por frases curtas seguidas uma da outra...
Segue:

Tudo aquilo que decido ser.
Tudo que decido ser? Ou tudo que me convém ser? A linha que delimita essas duas máximas é tênue.
Eu sou a estudante que me convém ser, como posso ser a estudante que não se importa com nada.
Eu sou a trabalhadora que preciso ser, como posso jogar tudo para o alto.
Eu sou aquela que acredita na utopia do amor, como também posso ser a mulher independente que não precisa disso.
Eu sou a amiga que ama e cuida, como posso ser a amiga que esquece completamente.
Eu sou a filha grata, como sou a filha que aponta todos os defeitos.
Eu sou aquela que acredita em Deus, como sou aquela que não acredita nEle.
Eu sou a indefinição na sua mais pura essência. A contradição personificada.
Procuro entender o que me define nas situações.
Interesse? Necessidade? Amor? Prazer? Empatia? Vantagem? Sinceridade? Idealismo?
Para cada máxima escolhida um preço é pago...
Eu sou aquilo que me proponho a pagar em cada situação.
O que define o que eu quero em cada situação?
Isso depende inclusive da minha TPM; ou seja, é efêmero, passa, muda, e pode ou não acontecer...
Não é absoluto.
Concluo que não sei o que sou, mas ainda assim, sou aquilo que decido ser.